quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Relato de Raísa (Nilza Nelci Girolla) - Bailarina de dança cigana


Nilza Nelci Girolla, 27/02/1952, educadora da área de Letras (Inglês) e Educação Física, com especialização em Literatura Brasileira, aposentada do Magistério desde 1995, em atividade noutra área desde então – assessoria parlamentar.
Casada e separada por 2 vezes, mãe de dois (32 e 28 anos) e avó de três (9, 5 anos e um de 8 meses).
Profissionalmente, sempre fui muito ativa, em expressão verbal e corporal, nunca deixei de fazer condicionamento físico (desde 17 anos faço natação, musculação, caminhadas, jazz, dança de salão e, nos últimos anos, pilates).
Sabedora que “mens sano em corpore sano”, sempre fui adepta, também, de terapias alternativas, tais como massoterapia, yoga, do-in, shiatsu, ayurvédica, reiki, que sempre me acompanharam em uma ou outra atividade física, portanto, nunca deixei de fazer, ao mesmo tempo, 2 tipos de condicionamento físico e uma destas terapias.
Em 2008, quando, também, fazia dança de salão, em especial samba no pé e de gafieira, vi uma apresentação do Grupo Domínio na Semana da Consciência Negra, no Largo da Alfândega e o meu interesse pela dança cigana surgiu imediatamente, pois tudo me encantou - as coreografias, o figurino, a leveza e, ao mesmo tempo, a força dos movimentos, a expressão das bailarinas, os complementos usados – rosa, xale, leque, etc.
Eu era uma das apoiadoras do evento, pois tenho bastante proximidade, no meu trabalho atual, com a Coordenadoria Municipal de Promoção de Políticas Públicas para a Igualdade Racial, organizadora do mesmo e que agrega negros, judeus, índios e ciganos. Então procurei a Marta, coordenadora à época, e busquei os contatos dos responsáveis pelo Grupo. Ela me encaminhou ao Lourenço Ferraz, bailarino do Grupo Opre Romale (que eu já conhecia, da Coordenadoria) e ele me passou o contato da Sílvia, pois o Grupo Opré Romale já trabalhava integrado com o Domínio Grupo de Dança.
Por e-mail, Sílvia e eu “trocamos figurinhas”, ela me forneceu vasto material e, a cada folha lida, mais eu me encantava com a possibilidade de participar do Grupo e aprofundar os conhecimentos sobre a cultura cigana.
Sílvia, como sempre faz, me ofertou uma aula experimental numa pequena turma iniciante da 4ª feira à noite, fiz e, quando esta mesma turma se desfez por desistências várias, passei para uma outra que se iniciava no sábado (o que não me agradou muito, inicialmente, por conta de eu viajar para visitar familiares, quase sempre, nos finais de semana) e estou, até hoje, nesta turma – a Turma do Sábado, sendo que hoje adio qualquer compromisso por conta da aula.
Tatiana Lee, bailarina da “Turma Adiantada”, como chamamos, escreveu, para leitura na nossa festa de confraternização pós Mostra nossa no Teatro da Ubro (em 1º e 02/06/2010), e eu vou transcrever alguns pontos:

...“... fomos convocadas.
... fez-se verão nas nossas vidas. Nos re-conhecemos facilmente. Nosso olhar não se engana, quando encontramos outra que pertence ao clã. Os pés começaram a se mover ao som dos instrumentos que convocaram nosso espírito ancestral. No princípio, ainda éramos tímidas, um pouco desajeitadas, mas quando começamos a rodar as saias, nossa alma se revelou em sua plenitude e voltamos a ser o que sempre fomos, livres de corpo e alma, altivas, de coração intenso, de profundo companheirismo, de alegria e de dança.
Aos poucos fomos incorporando os elementos da tradição. Abanamos leques que enaltecem nossos olhares sempre atentos. Esvoaçamos xales louvando o ar que nos rodeia. Tocamos incansáveis nossos pandeiros para vibrar as energias que permeiam nossos corpos. Oferecemos rosas, que lembram que a grande beleza da vida tem, igualmente, perfume e espinhos.” ...

Desde que entrei no Grupo, em agosto de 2009, já participei de várias apresentações. A minha estréia foi no Lar Asilo da SERTE, em Ponta das Canas, em abril deste ano, quando Sílvia no orientou para dançarmos livremente com o que tínhamos aprendido até então, sem coreografia ensaiada, portanto. Foi ótimo para desinibirmos, num primeiro momento com o público. Eu confesso que não tive muito problema, uma vez que sempre trabalhei com público, já dei palestras, coordeno planejamentos para entidades e grandes grupos, mas é diferente quando você tem que expor, também, teu corpo, em gestos e/ou olhares sensuais, pois a dança cigana apresenta esta especificidade também, você tem que representar a música ao dançar, viver intensamente as emoções, mostrando sensualidade e feminilidade.
Somos nômades. Já nos apresentamos em shoppings, academias, asilos, almoços e jantares, beneficentes ou não, em clubes finos ou improvisados.
Em palco de Teatro, pela primeira vez, eu estreei na Ubro, em 01 e 02 de junho deste ano. Foi a I Mostra Domínio Cigano e Sílvia nos preparou muito bem, pois estávamos tranquilas e tudo deu muito certo. Nós, alunas iniciantíssimas, à época, ouvimos muitos comentários sobre este espetáculo e o mesmo foi, até, citado como sendo digno de “profissionais”. Ensaiamos muito, tudo com muita disciplina. Todas prepararam seu figurino muito esmeradamente, não tivemos patrocínio algum, a divulgação foi feita toda por pessoas do grupo e Sílvia Bragagnolo dançou, dirigiu o espetáculo e foi a única coreógrafa do mesmo, sempre apoiada por Lourenço Ferraz, coordenador, e outras dançarinas do Grupo Opré Romale.
A Mostra consistiu num trabalho de estudo étnico da cultura cigana, representando suas histórias de amor, conquistas e misticismo, com danças alegres e figurinos ricos, que traziam todos os complementos utilizados em nossas aulas, no melhor do clima cigano.
Depois deste evento, outros se sucederam, todos com muito empenho, disciplina, boa vontade, pois quando nos vestimos de cigana, quando armamos o acampamento no nosso coração florido, a despeito do que acontece ao nosso redor, sorrimos e vivenciamos o ritmo da música. Ficamos exultantes e orgulhosas quando percebemos que atingimos o nosso objetivo, que é o levar alegria a todos que nos assistem, e isto fica “visível, palpável” nos elogios que recebemos e nos sorrisos e nas palmas que nos acompanham enquanto giramos.

O pai de meus filhos, meu ex-marido, comentou durante um almoço em família: “acho que depois das duas maternidades, o que está te dando mais prazer é a dança cigana, não?” E eu respondi que realmente é uma das atividades que me dá muito prazer. Estou muito feliz por participar de mais este grupo, no qual a vivência e a convivência têm sido muito enriquecedoras. Sinto o aprimoramento de minhas capacidades físicas, intelectuais, afetivas e sociais, e meus familiares e amigos percebem a importância que dou a esta atividade.
Uma outra amiga, que mora no Rio, quando enviei a ela, fotos e vídeo de nossa apresentação, comentou: “Niiiiiiilza, tu sempre fostes, mesmo, meio cigana”.
Acho, também, que é uma questão de espírito, pois quando liberamos a criatividade, e isto pode acontecer em várias atividades outras, estimulamos a expressão sem medo e brindamos as práticas adequadas a cada estágio de desenvolvimento pessoal e grupal, integrando o grupo em um clima de alegria, concentração e autodisciplina, o que transcende a nossa expressão corporal.
A dança cigana promove a vivência, o resgate e o intercâmbio da cultura cigana, facilita o reconhecimento da identidade dos valores, com possibilidade de integração dos mesmos ao sistema de valores das pessoas com as quais nos relacionamos.

“... dançar e tornar-se flexível, maleável, é aprender sobre o dom do respeito, que é a disposição de olhar duas vezes a mesma coisa e aceitar o resultado de toda e qualquer situação, a partir do entendimento de que tudo é o que pode ser. Qualquer que for o resultado é o que foi possível... . A dança nos permite fluir, buscar e expressar a criatividade, definir e refinar os movimentos do corpo, criar a possibilidade da síntese e da integração energética, e encontrar contentamento, harmonia e paz.”
(Roda de Cura, Derval e Vitoria Gramacho, Ed. Madras, 2002)

“Quando danço com outros, aprendo a olhar, esperar, respirar junto. Exercito a paciência ante meus erros e os erros alheios. Sou carregado e carrego. Sou apoio e sou apoiado. Avanço e retrocedo junto. Enfrento, recuo, alcanço e acompanho. Construo, com o parceiro e o grupo, formas que, sozinho, não poderia construir e, assim, reconheço outros significados...”.
(Amara di Martino, A Dança: medicina complementar, Revista Caminho do Mestre, Julho/Agosto 2002)

A dança cigana é a união de várias nações e faz viver intensamente as emoções, mostrando sensualidade e feminilidade, com elementos culturais que atravessam os séculos.

PAIXÃO CIGANA

TENS NO PEITO A PAIXÃO ,
NOS OLHOS O MAR EM CORES.
NA VIDA, NINGUÉM TE ENGANA
LEVAS, NA ALMA CIGANA,
A EXPLOSÃO DE MIL AMORES...
CIGANINHA, CIGANINHA,
ÉS DAS TENDAS A RAINHA,
CAUSA-MOR
DAS MINHAS DORES !!!

(PIERO VALMART - www.lovers-poems.com)

“NOSSO CHÃO É NOSSA ESTRADA, NOSSA TERRA É NOSSA CASA” (Tatiana Lee, dançarina)

“O UNIVERSO É UM ECO DE NOSSAS AÇÕES E PENSAMENTOS”
(FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER)

Nilza Nelci Girolla
Nome Cigano: Raísa (nome cigano da umbanda)
Significado: relaxada, acalmada!
Origem: grega
Age com muita sabedoria para resolver os problemas dos outros. Isto acontece porque se sente mais confortável em decidir sempre com a cabeça fria, mas, mesmo assim, seu coração sempre está no meio da dúvidas e fica difícil decidir.
Sua marca no mundo: generosidade, cortesia, influência, caridade, companheirismo.
Sabe se comunicar com destreza, pois é criativo, otimista, amistoso, animado, inspirado, popular, social, artístico e prático. Gosta de estar em evidência e, por usar as palavras como ninguém, sempre atinge seus objetivos. Cultiva a arte de ser um verdadeiro amigo e as funções em que se envolve são: crítico, organizador e líder social, clérigo ou missionário, costureiro, decorador.
Independente e talentoso, na vida receberá muitas oportunidades de liderança e poder. Tende ao pioneirismo com a invenção de coisas geniais. Precisa tomar cuidado, se policiar, pois tem forte característica ao autoritarismo. Persiste na hora de receber conselhos e insiste em suas idéias até ser convencido do contrário. Fará sucesso em profissões em que possa atuar com a imaginação e criatividade livremente.

6 comentários:

  1. "Somos nômades. Já nos apresentamos em shoppings, academias, asilos, almoços e jantares, beneficentes ou não, em clubes finos ou improvisados."

    Esta colocação que eu amei!! Somos assim mesmo... dançamos e vivemos a daça intensamente, levando-a para todos os cantos!!!

    Obrigada Nilza!!!
    Silvia

    ResponderExcluir
  2. Dançamos a dança da vida, no palco do tempo, teatro de Deus.
    Árvore santa dos sonhos, os frutos da mente são meus e seus.
    Nossos sonhos segredos guardados, enfim revelados nus sobre o sol.
    De sua amiga da dança, IVANETE.
    A DISTÂNCIA TRAS SAUDADE NUNCA ESQUECIMENTO.

    ResponderExcluir
  3. Oi mãe! Parabéns pelo belo texto... Dá pra sentir a tua vibração e paixão pela dança, em especial a Cigana. Prossiga com essa energia positiva que contagia a todos. Grande beijo.

    ResponderExcluir
  4. Nilzaaaaaaaaaa vc é um espetáculooooooooo!!!
    bjs

    ResponderExcluir
  5. Nilza sempre me surpreende!!!
    adoro vc, Nilza!!!

    ResponderExcluir